Não me esqueço nunca, porém, de que eles também estão curiosos a meu respeito. Será que sou muito brava? Como serão minhas aulas... difíceis?... chatas?... interessantes?... divertidas?...
É bem verdade que as aulas dependem dos dois lados. Do professor e dos alunos. Afinal, é a turma que vai ditar o ritmo... a profundidade... Apesar do conteúdo ser o mesmo, sabemos que nossas aulas nunca serão iguais. Interesses e questionamentos variam de ano pra ano, de lugar pra lugar. Isso ajuda a não ser cansativo, repetitivo o nosso trabalho.
O que fazer, então, numa primeira aula, num primeiro contato?
Começo matando a curiosidade deles sobre mim. Digo meu nome, conto um pouco da minha história... Falo como costumo trabalhar, como gosto de avaliar, abro o jogo dos meus níveis de exigência... Respondo a tudo o que me perguntam.
Depois, é a vez deles. Desde os meus tempos de aluna, uma coisa muito importante pra mim foi não ser apenas um número. Gostava que meus professores me conhecessem pelo nome. Inclusive, ao mudar de colégio, pedi que minha mãe mandasse fazer uma mochila com meu nome bordado e a colocava num lugar onde o professor não pudesse deixar de ver. Meio bobo, né? Mas funcionou.
Lembrando disso, sempre tive o cuidado de decorar os nomes dos alunos. O mais rápido possível .
Sei que, em turmas muito grandes, tendo várias turmas diferentes, isso não é tão fácil... E, na verdade, tenho uma boa memória pra nomes e datas, o que já ajuda bastante. Mas, de qualquer jeito, desenvolvi brincadeiras que ajudam a aprender os nomes deles mais depressa. E passo o resto do tempo da primeira aula ouvindo seus nomes, suas idades, seus interesses, seus gostos, suas preferências. Quando todos já falaram, tento dizer seus nomes, sem ajuda. Quando erro, eles corrigem. Então, fecho os meus olhos e eles trocam de lugar. Tenho que acertar os nomes assim mesmo. E assim vai. E assim eu acabo aprendendo rapidinho. (Fazer chamada, prestando bastante atenção, ajuda demais!)
Como trabalho Interpretação de Textos, o que envolve discussão, elaboração de opiniões, argumentação, fica mais fácil ir conhecendo cada um dos alunos, suas histórias, seus problemas, sua maneira de pensar e de ver o mundo. Mas, não importa a matéria que lecionemos, o segundo segredo que aprendi é que a sensibilidade e a empatia são instrumentos que podem realmente fazer toda a diferença!